Foi em Milão que a Yamaha decidiu apresentar aos jornalistas a 5ª geração da XMAX 300, entre o trânsito caótico da cidade e pelas estradas fantásticas que nos levaram ao Lago de Como. Após termos levado a 4ª geração da XMAX 300 Tech Max até ao Algarve, na edição de maio da revista, esse foi um bom timing para testar a nova geração, ainda com as sensações frescas do que sentimos na viagem até ao sul de Portugal.
A XMAX é a scooter mais vendida da Yamaha, contando já com 450 mil unidades comercializadas em todo o mundo. E apesar deste número dizer respeito a todas as cilindradas, desde 125 cc a 400 cc – que já não se encontra em produção – não deixa de ser um impressionante. E no que diz respeito à XMAX 300, a versão Tech Max, ou seja, a versão mais equipada, representa mais de 50% das vendas deste modelo, algo que conseguimos perceber depois de andarmos nesta 5ª geração que está cada vez mais completa, e com melhores atributos.
CORAÇÃO INALTERADO
Com um número de motos vendidas tão elevado, algo a Yamaha está a fazer bem. Por isso mesmo, um dos componentes principais, o motor, manteve-se inalterado para o modelo de 2023. Contamos assim com o mesmo bloco da versão anterior, com 292 cc de 20,6 kW (28 cv) e um binário máximo de 29,0 Nm. Estes números oferecem não só uma velocidade máxima anunciada de 138 km/h, como um consumo na casa dos 3L/100km – conseguimos marcar no computador de bordo 3,1L/100km. Contudo, não deixa de ser algo estranho que a marca japonesa tenha optado por continuar com um motor de 300 cc, numa altura em que praticamente toda a concorrência está a subir a cilindrada das suas “velhinhas” 300. Porém, e segundo os engenheiros japoneses presentes em Milão, a razão do não investimento num novo bloco deve-se a todo o trabalho extra que seria necessário para criar um motor de raiz, ao invés de aprimorar o bloco existente. Isto faz com que a XMAX apresente uma resposta algo débil em médios e altos regimes, notando-se bem a presença de restrições, ainda que seja possível sentir uma melhoria significativa da resposta do acelerador quando estamos parados e necessitamos de um arranque rápido. Mesmo assim, esta maxi scooter revelou ser capaz de atingir velocidades superiores às anunciadas pela Yamaha quando circulamos em vias rápidas ou autoestrada, aumentando progressivamente a velocidade – uma característica que se mantém das gerações anteriores desta moto.
PENDOR DESPORTIVO
Assim como a capacidade natural da XMAX atingir velocidade elevadas, se a estrada assim o permitir, um ponto que caracteriza esta maxi scooter japonesa é o seu pendor desportivo e capacidade de ataque às curvas. Com um quadro e forquilha dianteira revistos, a Yamaha pretender manter o título de scooter mais desportiva da sua classe, sem deixar de lado a ergonomia e o conforto do condutor e passageiro. E para isso aumentou o espaço de assento disponível para o condutor, de forma que a posição de condução seja mais ergonómica com as pernas menos fletidas e a beneficiarem de mais espaço. Esta alteração revelou ser uma mais-valia para os 200 km que realizámos com a XMAX, tornando cada um deles confortável e prazeroso. Tudo isto poderia ser sinónimo de diminuição do espaço debaixo do assento, mas a marca nipónica continua a prometer que é possível acoplar dois capacetes debaixo do condutor e passeiro – dependendo logicamente do tamanho e formato do capacete, sendo possível com toda a certeza colocar dois capacetes jet.
Mas voltemos à parte desportiva. A XMAX 300 tem definitivamente um carácter peculiar – amplificado agora com um novo visual inspirado na TMAX – transmitindo muito bem as sensações da dianteira da moto, permitindo atingir ritmos rápidos, sem assustar com reações bruscas ou comportamentos inesperados. O ponto fraco será o duplo amortecedor traseiro, que merecia também ter sido revisto e substituído, pois não acompanha, definitivamente, o lado mais rebelde da XMAX, oferecendo um comportamento algo rijo e a transmitir a sensação de que apenas funciona a mola, com o amortecedor a ser um pouco “preguiçoso”. Os pneus Michellin City Grip2 que equipam de série esta XMAX 300 Tech Max, também são um fator limitativo para esta scooter que beneficiaria muito de uma borracha com melhor aderência. Ainda assim, a XMAX 300 Tech Max revelou um excelente compromisso entre o conforto que proporciona na cidade e a capacidade de circular a ritmos mais elevados com boas sensações. E há mais um ponto muito importante a referir, que foi melhorado nesta 5ª versão, a travagem. Este era um problema reportado nas gerações anteriores com frequência, pela sua rigidez e falta de tato, tendo sido então alvo de melhorias em 2023. Agora, a forma como o travão responde à força aplicada à manete é muito mais assertiva e a rigidez excessiva despareceu, tornando assim mais fácil de encontrar a pressão certa para travar a XMAX, seja em cidade ou em estradas que pedem um ritmo mais elevado.
TECH MÁXIMA
Tudo o que falámos até aqui são características que não divergem nas duas versões da nova XMAX 300, ou seja, da versão normal para a Tech Max. Vamos focar-nos então na tecnologia e nas diferenças que a Yamaha introduziu na scooter que testámos, a versão mais equipada, a Tech Max. O que salta imediatamente à vista, em relação à versão normal, são os pormenores como o assento em pele, as placas em alumínio para os pés, pequenas chapas especificas da Tech Max e claro, um painel TFT de 4,2” acompanhado de um LCD de 3,2”, que apenas encontramos nesta versão. E o painel TFT foi mesmo um dos pontos de foco na apresentação, e com razão. Este painel permite conexão com o telemóvel e intercomunicador, possibilitando atender e realizar chamadas através dos comandos de navegação do painel – bastante intuitivos – assim como receber mensagens e ver o seu conteúdo. É possível ainda aceder à aplicação Garmin StreetCross, que disponibiliza navegação com acesso a mapas e indicações em tempo real no TFT. As cores Dark Petrol (testada) e a Tech Black são também exclusivas da XMAX 300 Tech Max. E as semelhanças a nível tecnológico? Tudo o que não seja o painel TFT e o LCD de 3,2” – substituídos na versão normal por apenas um painel LCD de 4,3”, ou seja, o sistema keyless, os novos faróis em forma de X e a iluminação full LED é semelhante nas duas versões.
NO TOPO DA CADEIA
A XMAX 300 sempre foi um dos modelos de referência no segmento de maxi scooters de média cilindrada, e em 2023 a Yamaha quis garantir que assim se mantinha e foi exatamente isso que fez. A versão Tech Max tem agora um fator diferenciador maior no lado Tech com um painel inovador e que permite diversas funcionalidades, e o conjunto mecânico está mais apurado que nunca, mantendo assim a XMAX 300 como uma das maxi scooter mais apetecíveis do mercado.
YAMAHA XMAX 300 TECH MAX
MOTOR monocilíndrico, 4 tempos, refrigeração líquida
CILINDRADA 292 cc
POTÊNCIA 20,6 kW (28 cv) @ 7.250 rpm
BINÁRIO 29 Nm @5.750 rpm
CAIXA automática, CVT
QUADRO tubular em aço
DEPÓSITO 13,2 litros
SUSPENSÃO DIANTEIRA forquilha convencional, curso de 110 mm
SUSPENSÃO TRASEIRA duplo amortecedor, curso de 79 mm
TRAVÃO DIANTEIRO disco de 267 mm
TRAVÃO TRASEIRO disco de 245 mm
PNEU DIANTEIRO 120/70-15
PNEU TRASEIRO 140/70-14
DISTÂNCIA ENTRE EIXOS 1.540 mm
ALTURA DO ASSENTO 795 mm
PESO 183 kg
P.V.P. Tech MAX (desde) 7.300€ / Versão base (desde) 6.495€