Quando a Yamaha apresentou a TDM850 em 1991, poucos perceberam o que a marca japonesa estava realmente a lançar. Numa época em que o mercado estava rigidamente dividido entre desportivas, trails e touring, a TDM surgiu como algo difícil de catalogar. Era alta como uma trail, confortável como uma touring e com comportamento de estrada digno de uma sport‑touring. Hoje chamamos a isto crossover, mas em 1991 o termo nem existia. A TDM foi pioneira sem que o mercado estivesse preparado para ela.
A primeira geração, conhecida como TDM850 MK1, utilizava um motor bicilíndrico paralelo derivado da XTZ750 Super Ténéré, com cambota a 360 graus e cerca de 77 cv. Era um motor elástico, com bom binário em baixa e média rotação, ideal para condução real em estradas europeias. A ciclística combinava um quadro robusto, suspensão de curso intermédio e uma posição de condução elevada que oferecia excelente visibilidade e conforto.
Em 1996 surgiu a MK2, com melhorias na ergonomia, travagem e afinação do motor. Mas foi em 2002 que a Yamaha deu o salto mais significativo com a TDM900. O motor passou para 897 cc, recebeu injeção eletrónica, cambota a 270 graus para um comportamento mais próximo de um V‑twin e ganhou mais potência e suavidade. O conjunto tornou‑se mais moderno, mais eficiente e mais refinado, mantendo a filosofia original.
A TDM foi produzida entre 1991 e 2011, em três gerações, e foi pensada para lidar com estradas europeias, incluindo pavimentos irregulares e zonas montanhosas. A autoevolution confirma que a TDM900 substituiu a 850 em 2002 e permaneceu em produção até 2011, quando foi substituída pela Tracer 900autoevolution. A MCN descreve a TDM850 como uma moto revolucionária e anos à frente do seu tempo, comparando-a a uma Multistrada muito antes da Ducati criar o conceito.
Porque fez sucesso
A TDM conquistou um público fiel por várias razões. Era confortável para longas viagens, económica no consumo e extremamente versátil. O motor bicilíndrico tinha uma entrega de potência muito utilizável, permitindo condução descontraída ou ritmos mais rápidos sem esforço. A posição de condução elevada e o guiador largo davam excelente controlo, tornando-a uma moto competente tanto em autoestrada como em estradas secundárias.
Outro ponto forte era a fiabilidade. Muitos proprietários relatam quilometragens muito elevadas sem problemas significativos. A manutenção era relativamente simples e o motor mostrava-se resistente ao uso intensivo.
Apesar de não ser uma moto de off‑road, a suspensão de curso intermédio permitia enfrentar estradas de terra ou pisos irregulares com segurança, algo que a distinguia das sport‑touring tradicionais.
Porque foi descontinuada
A TDM não saiu de produção por falta de qualidade, mas sim por evolução natural do mercado. A partir de 2010, o segmento adventure cresceu de forma explosiva, com motos mais altas, mais potentes e com estética mais agressiva. A Yamaha percebeu que o público procurava algo mais moderno e alinhado com a tendência adventure.
Em 2011, a TDM900 foi retirada do catálogo e substituída pela Yamaha Tracer 900, que herdou parte da filosofia original mas com um motor tricilíndrico mais moderno, eletrónica atualizada e um design mais apelativo para o mercado contemporâneo.













