O mercado das motos de iniciação tem evoluído de forma surpreendente, especialmente na Europa, onde o sistema de licenciamento escalonado obriga jovens condutores a começarem por modelos de 125cc antes de avançarem para cilindradas superiores. Esta abordagem permite um início mais seguro, mas levanta uma questão pertinente: a tecnologia embarcada nas motos de iniciação não estará a ir longe demais?
Um exemplo claro são as novas Aprilia RS 125 e Tuono 125, apresentadas como modelos de 2025 – ainda que isso aconteça de forma transversal a muitos outros modelos de outras marcas
Estes veículos, concebidos para pilotos principiantes, trazem um pacote tecnológico que rivaliza com muitas motos de alta cilindrada. Com ABS de dois canais da Bosch, controlo de tração desligável, quick shifter opcional e até conectividade Bluetooth através de um painel TFT, estas motos transformam o conceito de «moto de entrada» numa experiência quase… futurista.
Apesar de as especificações técnicas impressionarem – como o quadro de alumínio, a suspensão dianteira invertida e o motor monocilíndrico de 125cc com 15 cv (o limite da categoria A1) – , a pergunta que fica é: será que os condutores principiantes precisam de tudo isto? Motos de iniciação têm, por definição, um papel transitório, preparando os condutores para modelos mais potentes e sofisticados. Contudo, o excesso de tecnologia pode não só aumentar o custo destas motos, mas também criar uma barreira para quem procura uma abordagem simples e acessível.
Por outro lado, é possível que a tanta tecnologia esteja a redefinir o mercado de 125cc, tornando-o mais do que uma simples etapa na progressão para máquinas maiores. Estas motos mostram-se ideais para deslocações urbanas e até para diversão em estradas sinuosas, permitindo que a tecnologia aumente a segurança e a eficiência. Mas será que essa complexidade adicional é necessária, ou apenas um luxo? Fica a dúvida se estas características realmente beneficiam novos condutores ou se acabam por ser mais um chamariz tecnológico.
Para os futuros motociclistas, a questão mantém-se: o que é mais importante numa moto de iniciação – simplicidade ou sofisticação?