Como marca premium da Loncin, a Voge tem vindo a estabelecer o seu nome no mercado europeu com o lançamento de muitos modelos e propostas interessantes para o velho continente e, em particular, para Portugal. Estivemos aos comandos da Voge 525 ACX e queremos falar-vos um pouco sobre ela.
Olhando para a Voge, percebemos que a gama da marca chinesa está com muitos modelos, alguns talvez semelhantes em demasia, mas conseguimos também compreender que isso se deve a “dores de crescimento” e de uma tentativa de entrar em força no mercado europeu. A 525 ACX veio marcar o reformular da gama de 500 cc, com a sua irmã naked a ser, provavelmente, a próxima – sendo que a nova adventure, a 525 DSX já foi anunciada.
ALGO FAMILIAR
Falamos sempre muito disto (ou quase), cada vez que testamos uma moto chinesa, mas é importante referir que as motos vindas do outro lado do mundo, nos dias de hoje, estão muito longe do que eram há 8/10 anos. Podem apresentar alguns detalhes que merecem atenção, mas na sua generalidade são bastante completas e bem construídas e, regra geral, apresentam componentes mecânicos baseados em marcas com muita experiência e que foram – ou são – parceiros das marcas chinesas. Tudo isto para vos dizer que a Voge 525 ACX é uma moto bastante familiar, no seu comportamento, nomeadamente na motorização. O bicilíndrico em linha de 494 cc debita 47,6 cv às 8.500 rpm e apesar de não serem cavalos de corrida, trabalham bem e de forma muito suave, dando mesmo a sensação de que este motor está até mais focado em ser fiável do que performante. Conseguimos mesmo realizar uma condução em mudanças altas e rotações baixas, sem nos termos de preocupar com muitas passagens de caixa ou vibrações. A resposta é sempre pronta e aquela que podemos esperar de um motor de 500 cc com especificações para carta A2, enquanto os consumos situaram-se abaixo dos 5L (média de 4,6L durante o nosso teste). Aqui não há modos de condução, e a forma como a potência é entregue depende da rotação que damos aos dois cilindros e da sensibilidade do punho direito. A caixa de velocidades é bastante suave e está bem escalonada, o que facilita ainda mais a condução e a redução de passagens de caixa.
EQUILÍBRIO
O motor é sempre (ou quase) o foco principal, mas a forma como tudo o resto reage ao bater do coração da moto é extremamente importante. Por isso, a Voge não quis descurar a ciclística, equipando este modelo com uma forquilha invertida de 41 mm na dianteira, com 151 mm de curso, bastante úteis para saídas fora de estrada – mas já lá vamos. Atrás, contamos com um monoamortecedor com bielas, que apesar de não ser ajustável, se comporta bastante bem em qualquer tipo de piso, assim como a suspensão dianteira. Em estrada, as suspensões oferecem um bom compromisso entre as sensações que transmitem e conforto, ainda que rapidamente consigamos perceber o seu limite, algo que considero positivo, uma vez que não perdemos a sensibilidade do que está a acontecer debaixo de nós, mesmo quando atingimos o potencial máximo da dianteira e traseira.
Fora de estrada, podemos contar com um comportamento semelhante e aí percebemos que a Voge 525 ACX tem as suas limitações, com a suspensão a ser bastante soft, mas com bom curso, o que permite, por um lado, que os caminhos para a praia se façam de forma mais confortável, mas limitam o que podemos fazer com esta moto em terrenos acidentados. Mas é isso que é uma moto scrambler certo? Com pneus mistos – neste caso os Metzeler Tourance, que nos agradaram bastante em estrada e fora dela também – posição de condução confortável, jantes de raios com uma roda dianteira de 19” e uma capacidade satisfatória para percorrer um bom caminho sem asfalto até às praias da Costa da Caparica, com a possibilidade de tirar umas fotos em slide até ao destino. O que precisamos mais? Bem, podia ser uma pergunta retórica, mas neste caso não é. Para a Voge 525 ACX é necessário rever a travagem dianteira a cargo da Nissin, que apesar de contar com dois discos flutuantes de 298 mm, revelou ser pouco mordaz e discordante do que esta moto possui em relação ao restante conjunto. O ABS desligável na roda traseira também seria uma adição bem-vinda, tendo em conta as características desta moto.
O MELHOR Suavidade do motor, homogeneidade do conjunto A MELHORAR Travagem, navegação no painel
EQUIPAMENTO CONCORDANTE
Como referido no início deste texto, as motos chinesas estão bastante diferentes e nomeadamente a Voge, possui determinadas características que são comuns a praticamente todos os seus modelos. A 525 ACX não é exceção e para além da ótica redonda na dianteira que caracteriza todos os modelos clássicos da marca chinesa, o painel TFT de 7” também caracteriza esta Voge, oferecendo conectividade Bluetooth, dois modos de visualização e muita informação bem organizada. Gostaríamos apenas de uma navegação mais intuitiva e rápida, algo que tem sido um ponto comum em todos os modelos Voge. Este modelo conta ainda com iluminação full LED, tomada USB na dianteira e sensor de pressão de pneus de série. E para além dos apetrechos tecnológicos, a Voge equipou ainda esta 525 ACX com um pequeno defletor na dianteira – que pode ter sido apenas placebo, mas pareceu sinceramente fazer uma pequena diferença – e um escape “dois em um” elevado, que denuncia imediatamente que estamos perante uma moto scrambler pelo seu estilo, e cumpridora das normas EURO5 pela dimensão enorme do silenciador.
BONITA E HONESTA
Gostos não se discutem, é verdade. No entanto, será consensual dizer que esta Voge 525 ACX se destaca pelo seu estilo bem patente de scrambler, mas também por pormenores únicos como o enorme “X” amarelo no depósito e uma ótica traseira bem desenhada na esguia traseira da moto. Mecanicamente, este modelo agradou-nos bastante por transmitir a sensação de que tudo está bem alinhado e construído, com qualidade e com capacidade de durar uns bons anos. Pequenos detalhes precisam de ser afinados e definitivamente a travagem será o aspeto mais importante. No fim do dia, a Voge 525 ACX é uma moto honesta que não compromete e oferece realmente aquilo que promete. Com todas as suas características e a capacidade de ser conduzida com carta A2, esta moto é uma proposta séria e que não deve ser olhada com desdém pela concorrência.
VOGE 525 ACX
MOTOR 2 cilindros paralelos, refrigeração líquida
CILINDRADA 494 cc
POTÊNCIA 35 kW (47,6 cv) @ 8.500 rpm
BINÁRIO 44,5 Nm @7.000 rpm
CAIXA 6 velocidades
QUADRO Multitubular perimetral em tubo de aço
DEPÓSITO 19 litros
SUSPENSÃO DIANTEIRA forquilha invertida de 41mm, curso de 151 mm
SUSPENSÃO TRASEIRA monoamortecedor com bielas, ajustável na pré-carga
TRAVÃO DIANTEIRO 2 discos de 298 mm
TRAVÃO TRASEIRO disco de 240 mm
PNEU DIANTEIRO 110/80-19
PNEU TRASEIRO 150/70-17
DISTÂNCIA ENTRE EIXOS 1.450 mm
ALTURA DO ASSENTO 840 mm
PESO 198 kg
P.V.P. 6.695€