A primeira impressão que tive ao ver a nova Ducati Streetfighter V4S foi que a moto é simplesmente linda e tudo parece estar no sítio certo. A nova Streetfighter V4S é bastante diferente da versão anterior, não tanto em termos de design, mas sim no que toca ao desempenho.
As mudanças em relação à versão anterior são imensas no papel e na prática, elas fazem- se sentir ainda mais. A Ducati escolheu a pista de Almeria propositadamente porque é uma pista muito exigente, com muitas curvas cegas. A maioria dos jornalistas presentes estavam focados na pista e esqueceram-se da moto. Esse foi o melhor elogio que os engenheiros da Ducati puderam ter, porque isso só significa que é uma moto muito fácil de pilotar.
Pessoalmente já conhecia a versão anterior desta moto, que era incrível, mas desafiante de pilotar, especialmente nas estradas públicas. O motor era calmo até às 8000rpm, mas depois disso, ganhava uma alma e uma potência difícil de controlar pelos menos experientes. Já nesta nova versão, a facilidade de condução é o que mais se destaca. Por exemplo, a Ducati colocou um assento novo que aumenta o conforto sem comprometer as sensações que o terreno nos dá.
MOTOR
Este é inspirado no de MotoGP, e a Ducati anuncia que tem a melhor relação peso-potência do mercado. Com apenas 197,5 kg em ordem de marcha, 208 cv de potência e 123 Nm de binário, a nova Streetfighter V4S é impressionante. Ahh, e 70% do binário está disponível logo às 4.000 rpm.
Depois de conversar com os engenheiros e responsáveis pelo produto, eles estavam bastante orgulhosos desta evolução da Streetfighter. Esta é uma daquelas motos que é difícil apontar algo errado. Se existe uma moto que está perto da perfeição, esta é uma delas, pelo menos numa utilização em circuito. Aliás, nenhum jornalista apontou um único defeito. É esse o nível da nova Streetfighter V4S.
Os engenheiros e chefes de produto da Ducati disseram que o foco foi tornar a moto mais ágil do que a versão anterior. Para isso, fizeram várias coisas, mas a principal foi que subiram os poisa pés 4 mm. Quando lhes perguntei se seria possível melhorar ainda mais a moto, a resposta foi um confiante sim, apontando a redução de peso como um dos focos para futuras versões. Nesta geração, outras alterações que merecem destaque são a introdução de dois novos modos de condução, o WET que limita a moto a 165 cavalos e o modo FULL que como o nome indica… desbloqueia a potência toda da moto sem a ajuda de filtros eletrónicos, excepto em primeira velocidade. Modo este que impressiona alguns pilotos, incluindo os de teste da Ducati que dizem ter potência quase inesgotável. Claro que não é, mas não é qualquer um que encontra o seu limite.
Outro tema sempre interessante são as “asas” laterais, que neste caso a velocidades médias na ordem dos 120km/h dão mais pressão na roda da frente. A altas velocidades aumentam bastante a estabilidade e agilidade.
Como sabem este motor é inspirado no de MotoGP. Os técnicos alteraram, aliás, melhoraram a saturação do “torque” em todas as mudanças, então não há praticamente perda de potência ao trocar de caixa… No modo de condução FULL é realmente impressionante. Com tudo isto, a moto ficou ainda mais excitante de andar e olhar! O seu design, as linhas e toda a moto é cheia de detalhes de qualidade. Por falar nisso, outra melhoria foi que aumentaram a capacidade do depósito, ou seja, quase todos agradecem…
EM ANDAMENTO
Uma moto que é um computador autêntico, tem muitas ajudas, mas são tão boas que nem se notam que lá estão. Em relação à eletrónica e ao painel de instrumentos os engenheiros fizeram uma coisa muito inteligente. É mostrado em tempo real qual a ajuda que está a funcionar no momento, o que dá muito jeito porque, por exemplo, se os pneus estiverem a ficar gastos dá para aumentar o controlo de tração. Ou se sentirmos que estamos cheios de confiança podemos diminuir a ajuda do anti cavalinho. Ahh e dá para modificar a andar facilmente e imediatamente, existindo um atalho no guiador. Muito fácil e intuitivo.
O entusiasmo de todos os presentes em testar esta moto em circuito foi tão grande como dos engenheiros de produto que a desenvolveram em mostrar a sua nova criação. No entanto, quando chegámos, descobrimos que, como costuma ser normal, havia um embargo que nos impedia de falar sobre as nossas impressões de condução por cinco dias. A Ducati, porém, permitiu que mostrássemos imagens nas redes sociais. Depois de andar na moto, entendi por que a Ducati havia imposto essa restrição. É que a moto pode parecer similar à anterior por fora, mas em andamento a conversa é outra. Uma moto muito mais fácil de conduzir e ao mesmo continua alucinante.
Em relação à suspensão, melhoraram o ‘rebound’ na frente e a compressão na traseira, com esta suspensão eletrónica Ohlins a adaptar-se consoante a velocidade e ângulo de inclinação, ficando mais segura.
Nesta pista desafiante os erros mais comuns foram as travagens em sítios errados e correções da linha de trajetória no meio das curvas, com a moto a dar uma confiança tal que para os mais inexperientes evita acidentes graves e para os pilotos ajuda a não perder tanto tempo quando é necessário corrigir uma linha.
Resumindo e para terminar, esta Streetfighter é uma besta (no bom sentido). A grande diferença é que é muito segura!! Está mais confortável e ao mesmo tempo, mais rápida e civilizada.
DUCATI Streetfighter V4 S
MOTOR Desmosedici Stradale, V4 a 90º, 4 válvulas por cilindros, refrigeração líquida
CILINDRADA 1.103 cc
POTÊNCIA 153 KW (208 CV) @ 13.000 RPM
BINÁRIO 123 Nm @9.500 rpm
CAIXA 6 VELOCIDADES
QUADRO em alumínio, Front Frame
DEPÓSITO 17 litros
SUSPENSÃO DIANTEIRA forquilha telescópica invertida Ohlins NIX30 de 43 mm, curso de 120 mm, ajuste eletrónico
SUSPENSÃO TRASEIRA monoamortecedor Ohlins, curso de 130 mm, ajuste eletrónico
TRAVÃO DIANTEIRO 2 discos de 330 mm, pinças radiais monobloco Brembo de 4 êmbolos
TRAVÃO TRASEIRO disco de 245 mm, pinça de 2 êmbolos
PNEU DIANTEIRO 120/70 ZR17
PNEU TRASEIRO 200/60 ZR17
DISTÂNCIA ENTRE EIXOS 1.488 mm
ALTURA DO ASSENTO 845 mm
PESO 197,5 KG
P.V.P. (desde) 26.895