O ano de 2025 está a revelar-se particularmente duro para a MV Agusta. Após onze meses de atividade comercial, as vendas da histórica marca italiana registaram uma queda de 27,8%, deixando antever um fecho de ano com pouco mais de 2.000 motos vendidas a nível global. Um número preocupante para uma fabricante com ambições premium e um legado tão pesado quanto o de Varese.
A trajetória da MV Agusta nas últimas duas décadas tem sido marcada por mudanças constantes de proprietários, planos de reestruturação sucessivos e promessas recorrentes de recuperação financeira. Apesar do prestígio técnico e estético dos seus modelos, a marca nunca conseguiu estabelecer uma base sólida de rentabilidade sustentada.
Nos últimos anos, primeiro sob a influência do grupo KTM e depois com o regresso ao controlo da família Sardarov, a estratégia centrou-se na exclusividade. Séries limitadas, abertura de espaços monomarca, presença em eventos internacionais e lançamento de motos concebidas como peças de coleção passaram a dominar o discurso da marca.
O problema é que essa abordagem não se traduziu em volume de vendas consistente. A MV Agusta continuou a investir na imagem e no posicionamento aspiracional, mas falhou em transformar notoriedade em procura real nos concessionários.
O melhor ano comercial da última década remonta a 2015, quando a marca ultrapassou, pela única vez, a barreira das 5.000 unidades vendidas em todo o mundo. Desde então, os números nunca mais se aproximaram desse patamar.
Em 2024, os dados aparentaram uma recuperação significativa, com 4.494 unidades registadas. No entanto, grande parte desse volume resultou de auto-registos de motos em stock, uma prática que melhora estatísticas de curto prazo mas não resolve o problema estrutural da rotação de produto. Muitas dessas motos continuam, ainda hoje, por vender.
Com a forte quebra registada em 2025, o cenário torna-se ainda mais delicado. A combinação de vendas em queda, excesso de stock e um posicionamento extremamente nichado levanta dúvidas sérias sobre a viabilidade da MV Agusta a médio prazo, num mercado cada vez mais competitivo e racional.













