Num golpe chocante para a indústria das motos elétricas, a Energica Motor Company – outrora pioneira no sector das duas rodas elétricas – vai ser liquidada na sequência de uma decisão do conselho de administração. A empresa, famosa pelo seu papel significativo na criação do campeonato MotoE e pelo pioneirismo das motos elétricas, tem vindo a enfrentar dificuldades há já algum tempo. Apesar das suas tentativas corajosas para se manter à tona num mercado ferozmente competitivo, a Energica sucumbiu a uma crise financeira, deixando para trás um legado de inovação e ambição.
A queda da empresa não é apenas o resultado de lutas internas. Os especialistas do sector apontaram factores externos, como a insuficiente cobertura mediática do campeonato MotoE, que não conseguiu atrair o público e a atenção dos investidores de que a Energica necessitava desesperadamente. Muitos acreditam que a Dorna, a organização por detrás do MotoE, não deu à série eléctrica o destaque que merecia, tratando-a como uma reflexão tardia e não como um salto revolucionário no desporto motorizado. Esta falta de apoio significou que os esforços da Energica para promover a mobilidade eléctrica enfrentaram uma batalha difícil desde o início
Mas os problemas não se limitavam à visibilidade. A tecnologia por detrás dos motociclos elétricos de alto desempenho está ainda na sua infância. A ousada incursão da Energica neste espaço foi corajosa, mas talvez prematura. Embora a empresa tenha ultrapassado os limites, o estado atual das tecnologias de bateria e de carregamento continua a ser um grande obstáculo à adoção generalizada das superbikes eléctricas, um desafio que nem a Energica conseguiu ultrapassar
À medida que a empresa se encaminha para a liquidação, é um fim trágico para uma marca que ousou sonhar em grande. A Energica pode ter caído, mas a sua visão de um futuro mais verde e electrificado no desporto motorizado continuará a influenciar a indústria nos próximos anos.