Na edição de Fevereiro testámos a nova Ducati Monster – num comparativo que podem aceder online – e o Fernando Neto falou sobre a novíssima SP, afirmando que era mesmo de “perder a cabeça”. Pois bem, estava correto. Esta italiana tem tudo para nos levar à loucura.
A Ducati Monster está em produção desde 1993, e tem sofrido várias alterações durante os 30 anos que está no mercado. Ainda assim, a receita foi sempre a mesma. Um motor com carácter agressivo e desportivo, mas amigável para ser utilizado diariamente, combinando um quadro e ciclística focados na performance – ou pelo menos essas eram as intenções da Ducati. No fundo, uma receita que tem dado frutos nos últimos anos com diversos modelos.
MELHOR EQUIPAMENTO
As siglas SP denunciam de imediato que vamos encontrar equipamento de topo nesta Monster, e é isso mesmo que acontece. Esta moto conta com diferenças bem visíveis para a versão dita “normal” em diversos departamentos, desde logo na estética com as cores 2022 da Desmosedici GP do Ducati Lenovo Team, assento vermelho e cobertura do assento traseiro e diferente logótipo no depósito. Depois, na ciclística conta com uma forquilha Ohlins NIX30 totalmente ajustável e mais leve, com anodizado dourado, proporcionando um visual lindíssimo à moto. Na dianteira conta ainda com pinças Brembo Stylema para morder os dois discos de 320 mm e flanges em alumínio mais leves. Também existe um amortecedor de direção Ohlins, uma bateria de iões de lítio mais leve, e passando para a traseira, encontramos um amortecedor Ohlins totalmente regulável e um silenciador Termignoni homologado, mas que devido ao Euro5, não se faz ouvir como esperado. Em termos de eletrónica, todos os modos de condução foram devidamente recalibrados e não falta um Launch Control, para arranques bala!
O MELHOR Suspensões, travões, agilidade do conjunto A MELHORAR Vibrações do motor, tato do acelerador
MAS EM QUE SE TRADUZ TUDO ISTO? FÔLEGO INFINITO
Se é verdade que há muito equipamento que difere nesta versão SP para a Monster já aqui testada por nós, é também verdade que o coração é o mesmo. Com um aumento superior a 100 cc relativamente à geração anterior, o novo motor da Ducati Monster mantém-se sendo um bicilíndrico em L a 11º, mas agora com 937 cc e 111 cv às 9.250 rpm. O motor conta ainda com um binário de 93 Nm às 6.500 rpm, o que se traduz em prestações muito interessantes em médias e altas rotações. A verdade é que é aí que este bloco se sente confortável, apresentando algumas debilidades em baixos regimes. Em deslocações citadinas e que exijam velocidades mais reduzidas, este Testastretta apresenta muitas vibrações e revela enorme desconforto, podendo mesmo ser algo desagradável, principalmente porque, por vezes, a primeira velocidade é demasiado curta e a segunda exige uso constante da embraiagem para que mantenhamos a Monster viva. Mas estamos a falar de uma Ducati correto? E quando se fala da marca de Borgo Panigale pensamos imediatamente em performance. E isso não falta a esta motor.
Passada a faixa de “stress” e ansiedade do bicilíndrico, ou seja, acima das 4.500 / 5.000 rpm, a Ducati Monster SP só pede uma coisa. Mais acelerador. O fôlego deste motor é quase interminável e a forma como “limpa” toda a faixa de rotação até ao red line é absolutamente assombrosa, assim como a suavidade do quickshifter, seja para cima ou em redução. A energia dos 937 cc é imensa e é imperativo trabalhar bem com o punho direito de forma a manter a roda da frente no asfalto – algo que é sobejamente facilitado por toda a eletrónica, onde se inclui o sistema anti cavalinho, controlo de tração e muitas outras ajudas. Para além disso, encontramos três modos de condução distintos, o Sport, Road e Wet, sendo que curiosamente, optámos por utilizar mais o modo Sport, uma vez que se revelou mais linear em baixa rotação, devido a uma melhor resposta do acelerador. Este é eletrónico e exige alguma habituação, uma vez que, mesmo no modo Road, é bastante sensível a qualquer movimento, algo que deve ser bem controlado, principalmente à saída de curva.
PESO PLUMA
E se no motor não temos dúvidas da potência que está a ser disponibilizada, ficamos de sobrancelha franzida – no bom sentido – com a agilidade e capacidade de transição entre curvas desta Monster SP. Para ficar claro, esta moto não gosta de andar devagar. Seja pelo motor ou pelo restante conjunto, esta Ducati pede ritmos elevados e uma condução até um pouco agressiva – algo que até considero ser contra o que costumo praticar. Mas dito isto, quanto mais rápido andamos nesta Ducati, melhor nos sentimos e melhor sentimos a moto. Os seus 186 kg parece que vão diminuindo à medida que puxamos dos galões à Monster e a suspensão Ohlins já referida, seja na dianteira ou traseira, transmite enorme confiança e excelente leitura do asfalto.
Seja com o piso em bom estado ou degradado, o conjunto suspensões – quadro é sempre homogéneo e estável, transmitindo boas sensações sem que nos cause ansiedade de um susto repentino, mesmo quando estamos a procurar os limites da Monster SP. A eletrónica também nos descansa pela forma como atua sem que seja notada e nos faz querer andar mais rápido – e mais importante – pela forma como nos permite circular mais rápido de forma mais segura. Os Brembo Stylema que também já foram referidos, são também eles fantásticos no que diz respeito à segurança, uma vez que a sua potência e tato permitem parar a Monster em qualquer situação de forma muito rápida e assistida pelo ABS em curva.
JUSTIFICAR A DIFERENÇA
As versões SP da Ducati são sempre motos de altas especificações técnicas e, regra geral, combinam alguns elementos da tecnologia das motos de corrida da marca italiana. Apesar de a Monster SP não possuir tecnologias provenientes das Superbike ou das motos de competição da Ducati, está equipada com muitos componentes que justificam pensar nesta versão ao invés da Monster “base”, principalmente tendo em conta que é uma diferença inferior a 3.000€. É certo que o coração é o mesmo, mas a experiência de condução é amplificada de uma forma totalmente diferente nesta versão SP por todos os extras que inclui. Não é a moto ideal para quem procura uma companheira diária para o trânsito e cidade, por diversas razões, mas é um brinquedo excecional para se ter na garagem e fazer uns (bons) disparates de vez em quando!
DUCATI MONSTER SP
MOTOR 2 cilindros em L, distribuição desmodrómica, refrigeração líquida
CILINDRADA 937 cc
POTÊNCIA 82 kW (111 cv) @ 9.250 rpm
BINÁRIO 93 Nm @ 6.500 rpm
CAIXA 6 velocidades
QUADRO front frame em alumínio
DEPÓSITO 14 litros
SUSPENSÃO DIANTEIRA forquilha telescópica invertida Ohlins NIX 30 de 43 mm, totalmente ajustável, curso de 140 mm
SUSPENSÃO TRASEIRA monoamortecedor Ohlins totalmente ajustável, curso de 150 mm
TRAVÃO DIANTEIRO duplo disco de 320 mm semi fultuante, pinças Brembo Stylema de 4 êmbolos
TRAVÃO TRASEIRO disco de 245 mm, pinça Brembo de 2 êmbolos
PNEU DIANTEIRO 120/70 ZR17
PNEU TRASEIRO 180/55 ZR17
DISTÂNCIA ENTRE EIXOS 1.4272 mm
ALTURA DO ASSENTO 840 mm
PESO 186 kg
P.V.P. (desde) 15.595€