A Niu Technology prepara-se para fechar 2025 com um marco decisivo na sua história recente. A marca chinesa especializada em mobilidade elétrica de duas rodas deverá atingir um novo recorde global de 1,25 milhões de unidades vendidas, recuperando o ritmo de crescimento e afirmando-se como o segundo maior fabricante mundial dedicado exclusivamente a motores elétricos.
Este resultado ganha ainda mais relevância quando analisado à luz do percurso dos últimos anos. Após um crescimento muito acelerado que culminou em 2021, com vendas acima de 1 milhão de unidades e uma entrada temporária no top 10 mundial de fabricantes, a trajetória da Niu inverteu-se a partir do primeiro trimestre de 2022. Os objetivos definidos não foram cumpridos e as vendas caíram de forma consecutiva em 2022 e 2023.
O ano de 2022 ficou fortemente marcado pelos efeitos da estratégia de zero-covid adotada pelo governo chinês até dezembro. As restrições tiveram impacto transversal em toda a indústria, mas penalizaram sobretudo as marcas mais jovens e menos consolidadas, como foi o caso da Niu. Nesse ano, as vendas globais de e-scooters da marca, excluindo trotinetes e bicicletas elétricas, desceram para 736.957 unidades, uma quebra de 27,3 por cento face ao ano anterior. Em 2023, a tendência negativa manteve-se, com novo recuo para 610.003 unidades, menos 17 por cento.
Paralelamente, a empresa parece ter desviado parte do foco estratégico das scooters elétricas para o segmento das trotinetes, uma decisão que acabou por fragilizar a rede de distribuição e pressionar os resultados financeiros, sem gerar o volume adicional de vendas esperado.
Em 2024, apesar de uma recuperação assinalável em termos percentuais, os números ficaram aquém das metas internas. A Niu apontava novamente para 1 milhão de unidades vendidas a nível global, incluindo trotinetes, mas o exercício acabou por fechar com cerca de 767.000 unidades. Ainda assim, o crescimento de 25,9 por cento foi considerado positivo, sobretudo num contexto de abrandamento do mercado de veículos elétricos, tanto na China como a nível global.
É em 2025 que a viragem se consolida. As projeções indicam não só o regresso ao patamar de 1 milhão de unidades, como a superação clara desse valor, atingindo os 1,25 milhões. Cerca de 98 por cento destas vendas concentram-se no mercado chinês, o que evidencia uma reorientação estratégica clara da empresa.
Tudo indica que a Niu passou a privilegiar o seu mercado doméstico em detrimento da expansão internacional. O crescimento mais lento do segmento elétrico na Europa e na América do Norte, inicialmente vistos como pilares do desenvolvimento da marca, terá levado a gestão a ajustar prioridades. Ao mesmo tempo, o Sudeste Asiático surge como uma região com potencial, mas marcada por uma concorrência intensa e margens mais apertadas.
O desempenho de 2025 sugere, assim, uma Niu Technology mais pragmática, focada em mercados onde a mobilidade elétrica já tem escala real, e menos dependente de apostas de longo prazo em regiões onde a transição avança a um ritmo mais contido.













