O enigma de Motegi, ou a temporada atribulada de Francesco Bagnaia
No mundo do MotoGP, poucas histórias captaram tanto a atenção dos fãs como o percurso desconcertante de Francesco Bagnaia ao longo da temporada de 2025. Entre triunfos arrebatadores e derrotas estonteantes, o seu desempenho foi um verdadeiro espetáculo — em particular a impressionante dupla vitória em Motegi, que deixou muitos a questionar-se. O que aconteceu exatamente naquele fim de semana e porque ruiu tudo poucos dias depois?
Bagnaia chegou ao circuito japonês em sérias dificuldades, carregando uma sequência de cinco corridas sem pódios, culminando numa atuação desastrosa em casa, em Misano, onde saiu de mãos a abanar. No entanto, após um dia oficial de testes em que a VR46 lhe disponibilizou uma das motos GP24 de Franco Morbidelli, o italiano pareceu redescobrir a magia perdida. A transformação foi nada menos do que milagrosa. Em Motegi, bateu o recorde da pista na qualificação e liderou todas as voltas tanto da Sprint como do Grande Prémio, exibindo um domínio que fez os fãs acreditar que estava de volta ao seu melhor nível.
Contudo, a euforia durou pouco. Apenas uma semana depois, Bagnaia caiu para o 16.º lugar na grelha em Mandalika, somou zero pontos e deu continuidade a uma série de prestações decepcionantes que o acompanhariam até ao final da temporada. O circuito australiano de Phillip Island não trouxe qualquer alívio, com o piloto a lutar para reencontrar o ritmo. Um vislumbre de esperança surgiu em Sepang, onde conquistou a pole position e venceu a Sprint, mas a consistência de que necessitava continuou a faltar.
Ao refletir sobre esta sucessão bizarra de acontecimentos, Bagnaia confessou: “Honestamente, se um dia alguém me conseguir explicar o que aconteceu em Motegi, eu recompenso essa pessoa.” Recordou a sensação eletrizante de voltar a ter o controlo, semelhante à vivida na bem-sucedida temporada de 2024. “Motegi foi a primeira vez esta época em que me senti de volta a ’24. Consegui fazer com a moto aquilo que queria, e o resultado foi bastante claro”, afirmou, sublinhando o contraste gritante com as dificuldades que se seguiram.
A Indonésia marcou um dos pontos mais baixos, com Bagnaia a descrevê-la como “talvez o pior fim de semana que tive no MotoGP”. A queda não foi apenas um revés físico, mas também um duro golpe na confiança. “Foi uma das quedas mais estranhas que tive na minha carreira”, admitiu, resumindo a confusão que envolveu as suas prestações.
À medida que a temporada avançava, Bagnaia viu-se a braços com uma moto cada vez mais imprevisível. Reconheceu a dificuldade de se adaptar a um pacote que funcionava de forma exemplar nas mãos do seu colega de equipa, Marc Márquez, revelando uma vulnerabilidade na sua abordagem: “Honestamente, não sou bom a adaptar-me àquilo de que não gosto. Este é o meu ponto fraco.”
Apesar de uma recuperação meritória em Sepang, onde se sentiu mais próximo da forma de outrora, o percurso de Bagnaia manteve-se errático. As suas prestações degradaram-se a partir da Áustria, uma tendência que deixou tanto o piloto como a equipa sem respostas. “A partir da Áustria, comecei a sentir mais movimento na moto, e é bastante difícil perceber de onde vem”, explicou, evidenciando a luta contínua para identificar a origem dos problemas.
No final, a temporada de Bagnaia ficou marcada pela inconsistência, passando de um sólido terceiro lugar para um insatisfatório quinto posto na classificação final. Com a poeira a assentar sobre um ano enigmático, a comunidade do MotoGP fica a questionar: o que aconteceu realmente a Francesco Bagnaia e conseguirá ele desvendar os segredos que o aguardam no futuro da sua carreira?













