A Honda parece estar a recuperar a competitividade no MotoGP, mas desde 2020 que tem passado por momentos complicados – tendo havido uma clara quebra de competitividade, em particular depois da grave lesão de Marc Márquez no GP de Espanha desse ano. Carlos Checa deu uma entrevista recente em que abordou o assunto.
O espanhol afirmou ao Fast & Curious: ‘Lembro-me bem da conversa que o gestor da Honda teve com os diretores da Honda no Japão a dizer, «Olhem que o [Casey] Stoner pede-nos o dobro. Dar o dobro do dinheiro é igual. Se tivermos de fazer duas motos novas, vai custar-nos o triplo, e este seja qual for a moto que lhe dês, ganha. Penso que foi o mesmo com o Marc: eles queriam o melhor em absoluto porque sabiam que fazia a diferença. Já não é o que acontece agora, também com o Marc. Também aconteceu com o Stoner na Ducati: davas-lhe a moto que querias, e ele é veloz. Eu experimentava as motos do Stoner, e realmente dizia: «Que raio, se este tipo consegue ser veloz com isto, não entendo»’.
No entender de Checa, a Ducati perdeu muitos anos de desenvolvimento com o conceito de moto com motor autoportante ou o quadro em alumínio. O conceito mudou com a chegada do diretor-geral Gigi Dall’Igna, que introduziu inovações que revolucionaram o MotoGP tecnicamente – exemplos das asas ou dos dispositivos de ajuste de altura.
Hoje em dia, referiu o ex-piloto, fala-se mais de engenheiros e de pilotos. E aqui entra a Honda, que no seu entender não tem inovado: ‘A Honda fez a [caixa de velocidades] seamless […] que parece como se fosse uma transmissão automática, e depois disso quase não inovou nada, não trouxe nada’.
Márquez era capaz de fazer a diferença na Honda até à lesão de 2020, como recordou Checa: ‘A Honda estava consciente de que não tinha a melhor moto, mas tinha o melhor piloto, e era capaz de ganhar. Inclusive no ano em que caiu em Jerez, penso que era um ano que o Marc podia ganhar perfeitamente. Mas essa lesão foi o que lhe pesou, que o obrigou a fazer um processo de recuperação desastroso, que o afastou durante muito tempo. E depois, quando voltou, encontrou uma moto que não estava à altura. E ele também tinha uma limitação importante, que é a rotação do ombro’.