A temporada de 2023 do Mundial de MotoGP ficará seguramente na memória de Johann Zarco. Não só fechou um ciclo com a Ducati e a Prima Pramac Racing, como também alcançou finalmente o seu primeiro triunfo na categoria rainha.
A fase inicial da temporada foi promissora para o já experiente francês: quarto lugar em Portugal, segundo na Argentina e sétimo nas Américas, deixando antever um ano consistente. O abandono no GP de Espanha foi um dos poucos «acidentes de percurso», mas a ele seguiu-se uma sequência de três terceiros lugares consecutivos a começar com a ronda caseira em Le Mans.
Essa foi a melhor fase da época para Zarco, que só subiria ao top três por mais duas vezes até ao fim. Apesar de ter estado distante da forma do colega Jorge Martín – que lutou pelo título – apresentou consistência suficiente para estar sempre na disputa do top cinco do Mundial. As corridas Sprint foram um dos «calcanhares de Aquiles»: pontuou em apenas 11 das 19.
Um dos momentos delicados da temporada de Zarco aconteceu no treino do GP da Alemanha de MotoGP, em que à saída da via das boxes não evitou uma aparatosa colisão com Marc Márquez (Repsol Honda). Foi um dos acidentes mais assustadores de 2023, do qual o #5 saiu sem lesões de maior.
O anúncio da saída da Pramac surgiu no fim de semana do GP da Áustria – no qual, curiosamente, fez o seu pior resultado exceto abandonos, com o 13.º posto na corrida principal. Dias depois, foi anunciado pela LCR Honda para 2024.
Em pista, Zarco esteve algo inconstante na fase asiática do calendário, quando apenas por três vezes chegou ao top dez. Uma dessas ocasiões foi o ponto alto da sua carreira até ao momento, com o histórico triunfo no GP da Austrália «arrancado a ferros» numa luta até ao fim em que superou o agora bicampeão Francesco Bagnaia (Ducati). Uma vitória que se revelou essencial para poder terminar no top cinco do campeonato, uma vez que chegou a Phillip Island em sétimo.
Na conferência de imprensa após a corrida, Zarco refletiu sobre as emoções sentidas: ‘É uma sensação muito boa. Porque sempre atacas e tentas alcançá-la, mas por vezes dizes: «Há alguns outros pilotos que têm ritmo, que têm esta sensação». Enquanto não a alcanças, parece que não consegues ganhar’.
Apesar do triunfo, o gaulês teve algumas dificuldades nas provas seguintes, perdendo o «comboio» da luta pelo quarto lugar perante Brad Binder (Red Bull KTM). A despedida da Pramac e da Ducati aconteceu com um saboroso segundo lugar no GP de Valência após uma interessante batalha com Fabio Di Giannantonio (Gresini/Ducati) – quando o triunfo chegou a ser possível. Foi um final de estadia com a Pramac satisfatório para Zarco, que afirmou em conferência de imprensa: ‘O pódio na última ronda. É também uma forma de confirmar este quinto lugar no campeonato. […]. Estou muito contente por concluir a história com a Pramac desta maneira’.
Fecha-se um capítulo para Zarco com a Pramac e com a Ducati – a atual moto de referência do pelotão. Pela frente há o desconhecido que é o projeto da LCR Honda, em que terá de contribuir para o desenvolvimento de uma das motos menos competitivas do pelotão. Igualar ou melhorar o quinto lugar de 2023 será muito complicado, mas o que já ninguém lhe tira é a melhor época da carreira até ao momento: top cinco final, primeiro triunfo e um total de seis pódios.
A época de 2023 de Johann Zarco:
GP de Portugal: 8.º Sprint/4.º GP – 4.º no campeonato
GP da Argentina: 12.º Sprint/2.º GP – 3.º no campeonato
GP das Américas: 11.º Sprint/7.º GP – 5.º no campeonato
GP de Espanha: 8.º Sprint/Abandono GP – 9.º no campeonato
GP de França: 6.º Sprint/3.º GP – 5.º no campeonato
GP de Itália: 4.º Sprint/3.º GP – 5.º no campeonato
GP da Alemanha: 5.º Sprint/3.º GP – 4.º no campeonato
GP dos Países Baixos: 13.º Sprint/Abandono GP – 5.º no campeonato
GP da Grã-Bretanha: 4.º Sprint/9.º GP – 5.º no campeonato
GP da Áustria: Abandono Sprint/13.º GP – 5.º no campeonato
GP da Catalunha: 7.º Sprint/4.º GP – 6.º no campeonato
GP de San Marino: 14.º Sprint/10.º GP – 6.º no campeonato
GP da Índia: Abandono Sprint/6.º GP – 6.º no campeonato
GP do Japão: 5.º Sprint/NC GP – 6.º no campeonato
GP da Indonésia: 12.º Sprint/Abandono GP – 7.º no campeonato
GP da Austrália: 1.º GP (não houve corrida Sprint) – 5.º no campeonato
GP da Tailândia: 9.º Sprint/10.º GP – 6.º no campeonato
GP da Malásia: 8.º Sprint/12.º GP – 5.º no campeonato
GP do Qatar: 10.º Sprint/12.º GP – 5.º no campeonato
GP de Valência: 9.º Sprint/2.º GP – 5.º no campeonato