Uma das decisões fundamentais que terá de ser tomada para o futuro do MotoGP envolve a Prima Pramac. A equipa tem de optar por renovar com a Ducati por mais dois anos ou tornar-se equipa satélite da Yamaha depois de muitos anos com o construtor de Borgo Panigale. E dessa decisão dependerão movimentos no mercado de pilotos.
Desportivamente, a Ducati oferece as melhores condições no imediato. No entanto, do ponto de vista financeiro a Yamaha parece ter muitas vantagens para propor. De acordo com a MotoSprint, o construtor de Iwata pagaria os pilotos, teria motos iguais às da equipa de fábrica e os pedidos dos seus pilotos atendidos.
Mas não é só. Especula-se que a Yamaha tem quatro milhões de euros para contribuir para o orçamento da equipa que aceitar ser a sua satélite. Desde o fim de 2022 que o construtor só tem a sua própria equipa e duas motos em pista, o que é visto como uma desvantagem no desenvolvimento tendo em conta que não tem nenhum rival na mesma situação.
No entanto, mudar da Ducati para a Yamaha não é uma decisão tão simples quanto possa parecer mesmo tendo em conta as condições alegadamente melhores oferecidas. Para além do impacto no pessoal da equipa, há patrocinadores que contam que a equipa tenha as competitivas motos da Ducati. A Yamaha pode ter promessas de um futuro melhor, mas o que conta são os factos atuais. E os factos atuais são uma YZR-M1 longe da luta regular pelos pódios ao contrário da Desmosedici GP.
A mudança parece pouco lógica do ponto de vista desportivo imediato. E, mesmo não tendo uma oferta tão boa como a da Yamaha, a Ducati tem tido a Pramac como a sua equipa satélite prioritária, viabilizando ter alguns dos melhores pilotos disponíveis ao longo dos anos como foram os casos de Francesco Bagnaia, Jack Miller ou agora Jorge Martín.
É certo que pode causar algum incómodo o facto de ter perdido a possibilidade de ter Martín ou Marc Márquez para 2025, mas quando os próprios pilotos estavam em fim de contrato e querem estar numa equipa de fábrica em 2025, não haveria muito que a Ducati pudesse fazer para os colocar na Pramac. E, na linha de sucessão, está Fermín Aldeguer, que é uma das grandes promessas da atualidade e poderia seguir os passos de Bagnaia ou Martín.
Por outro lado, a Pramac não pode dizer que esteja a ser impedida de lutar pelos títulos. Foi campeã de equipas na época passada e lutou pelo título de pilotos com Martín até ao fim. O mesmo piloto que neste momento lidera o campeonato destacado na frente de Bagnaia, lutando de igual para igual com um rival da equipa de fábrica.
Por mais que a Pramac tenha chances de lutar diretamente com a equipa de fábrica da Yamaha, as posições em causa poderão ser bem mais modestas – pelo menos numa fase inicial da parceria. E não há quaisquer garantias no presente que a Yamaha irá, de facto, regressar à disputa regular pelos lugares de topo, fazendo parte da incerteza que o futuro envolve.
É certo que a Ducati também não deverá manter este rendimento para sempre, uma vez que o desporto é feito de ciclos. Aliás, quem apostaria há cerca de uma década que aqui chegaria? Mas num mundo em que os resultados no imediato é que contam, as apostas no que é incerto são sempre mais arriscadas. Por vezes os riscos compensam… mas nem sempre, e isso tem sempre algum peso na hora de tomar decisões importantes.