A ideia de que o preço de uma moto varia drasticamente consoante o país onde é comprada acaba de ganhar números concretos. Um estudo recente do portal Motorcycles Data analisou os preços de motos novas em 25 dos maiores mercados mundiais e calculou um valor médio por região, convertendo todos os dados para uma base comum. O resultado confirma algo que muitos suspeitavam: não existe um preço “normal” para uma moto à escala global.
Os mercados com preços médios mais elevados concentram-se claramente na América do Norte e na Europa Ocidental. São regiões onde dominam as motos de média e grande cilindrada, frequentemente em versões bem equipadas e com forte peso das gamas premium. Nos Estados Unidos, o preço médio ultrapassa largamente os dez mil dólares, impulsionado não só pelo tipo de motos vendidas, mas também por aumentos recentes associados a novas tarifas. Na Europa Ocidental, o valor médio é igualmente elevado, refletindo um mercado maduro, exigente e tecnologicamente avançado. Portugal insere-se neste grupo, beneficiando da mesma oferta diversificada, mas também sujeito a uma carga fiscal significativa que encarece o preço final.
À medida que se avança para outras regiões, a descida é abrupta. Na América Latina, o preço médio cai para menos de metade do praticado na Europa Ocidental. A razão é simples: quase metade das motos vendidas situam-se entre as 125 cc e as 250 cc, sendo utilizadas sobretudo como meio de transporte diário. As motos de maior cilindrada existem, mas representam uma fatia reduzida do mercado, o que puxa o valor médio para baixo.
No Sudeste Asiático, nos países da área ASEAN, a realidade é ainda mais marcada. Aqui, as motos são essencialmente ferramentas de mobilidade e trabalho, com grande predominância de cilindradas entre os 150 cc e os 200 cc. Os preços médios são baixos, mas compensados por volumes de venda muito elevados, tornando esta região uma das mais importantes do mundo em termos de número de unidades vendidas.
A Índia surge no fundo da tabela, com o preço médio mais baixo de todos os mercados analisados. O contexto económico explica grande parte desta realidade. A esmagadora maioria das motos vendidas tem menos de 180 cc e é produzida localmente em larga escala, com foco absoluto no custo, na simplicidade e na durabilidade. Neste cenário, modelos acima dos 300 cc já são encarados como motos grandes e relativamente caras para o padrão local.
Quando se juntam todas as regiões analisadas, o preço médio global de uma moto aproxima-se do valor de uma moto de gama média vendida na Europa. No entanto, esta média isolada diz pouco sem ser comparada com o poder de compra. O próprio estudo cruza os preços com os salários médios mensais, revelando diferenças profundas na acessibilidade real das motos entre regiões desenvolvidas e economias emergentes.
Ficam de fora desta análise dois gigantes do mercado mundial: África e China. A ausência de dados fiáveis explica a exclusão do continente africano, enquanto no caso chinês pesou a complexidade de um mercado dominado por motos de baixa cilindrada e um crescimento acelerado dos veículos elétricos de duas rodas. Ainda assim, as conclusões são claras: não existe uma moto média universal. Cada região compra aquilo que a sua economia, infraestruturas e necessidades ditam, com a Europa e a América do Norte a concentrarem as motos mais caras do planeta.
Source: Motorcycle Datas/TodoCircuito













